Uma Libido Saudável é Sinónimo de Saúde
A libido, o desejo, o fluxo hormonal e, até, o apetite podem revelar muito sobre a nossa saúde, tanto física como emocional! Uma das melhores formas para as mulheres cuidarem de si é prestando um pouco da sua atenção ao seu ciclo feminino (seja menstruada ou não!). Já lá vai o tempo em que a imagem de saúde era correr e comer pouco, ou ir a aulas de aeróbica e seguir uma dieta sem gorduras, até ser capaz de se enfiar num vestido número 32 ou 34. Para muitas mulheres, este estilo de vida traz carências e desregulação hormonal, afectando, inclusivamente, o nosso desejo sexual. Assim sendo, quando falamos de libido saudável, estamos a abordar um tema importantíssimo, pois revela como está, de facto, a nossa saúde global.
Hoje em dia o assunto saúde, bem-estar, imagem corporal e nutrição tem toda uma plateia gigantesca e complexa, cujas mensagens contraditórias, e até, algumas delas, extremistas, podem deixar-nos enlouquecidas e perdidas. Contudo, vemos igualmente uma maior consciência para o auto cuidado compassivo, que engloba corpos de todos os feitios e promove hábitos como o saber relaxar, o dizer não, tirar tempo para fazermos o que gostamos, e aprender a escutar o nosso corpo. Ou seja, apesar de tudo o que ainda nos oprime, estamos no bom caminho!
Por onde começar?
Como coach de mulheres, procuro guiar, sempre, as minhas clientes para objectivos mais suaves e repletos de mensagens de compaixão, cuidado e prazer; identificando onde se enraíza – e onde se manifesta – a obsessão por um corpo que nunca é bom o suficiente. Trata-se de uma viagem de “desprogramação”, a qual não é fácil e que pode levar algum tempo, mas vale sempre a pena. Todavia, e infelizmente, algumas de nós terão de estar sempre vigilantes da tendência para a auto-crítica ou o perfeccionismo, pois crescer com este padrão torna-o parte da nossa identidade – e não é nada fácil desconstruir velhas crenças! Apesar de tudo, gosto de pensar que este traço pode servir de mensagem orientadora interna e não tem, necessariamente, de ser um padrão castrador. Afinal, quando conscientes, aprendemos a observar e a identificar acções sabotadoras, tendo a oportunidade de reavaliar a nossa vida.
Então, é por aqui que devemos começar a trabalhar este tema da libido e da sexualidade: através da consciência e da compaixão. Afinal de contas, desejo está relacionado com amor e prazer, não com luta, repressão ou culpa. Escutar o nosso corpo de forma compassiva vai ser importante para abrirmos o capítulo da libido na nossa vida, pois este pode ser um capitulo repleto de manipulações e crenças sociais.
Amor Próprio, Sexualidade, Cura Transpessoal
Entrarmos em contacto com a nossa sexualidade, para que esta seja curada e equilibrada, não significa falar apenas da relação sexual! Isso é apenas uma parte, talvez aquela que revela onde estamos no nosso caminho de cura nesta área da nossa vida. No entanto, e é aqui que nos focamos hoje, a libido é, também, espelho da fluidez hormonal e da forma como nos vemos e tratamos, tanto em termos físicos, como emocionais. Por exemplo, será que me permito expressar, emoções e desejos? Será que me dou ao luxo de ter prazer na vida sem culpa? Não esquecer que existem varias fontes de prazer, investiga como te relacionas com cada uma.
Mas, vamos mais além quando abordamos o tema da libido e do desejo, pois existe uma ferida no feminino colectivo profundamente enraizada. Isto significa que iremos encontrar medos e ter referências que vêm tanto da comunidade, como da familia, incluindo mulheres que nem chegámos a conhecer. Este é o lado transpessoal da sexualidade saudável – a capacidade de desenraizarmos ideias impressas no nosso inconsciente, traumas e rastos que vivem no nosso subconsciente, na sombra. Despertar uma é trabalhar em tudo. É esta a visão holística, afinal.
Entram as Plantas que trabalham a Libido
Trazemos-te uma receita nutritiva que estimula o desejo e promove o bem estar hormonal, carregada com a intenção de cultivar amor próprio. Sei que esta conversa do amor próprio está em voga e, por vezes, sentimos resistência ao conceito. Acredito que a sensação surja por sabermos o quão difícil é chegar a este valor, e vivê-lo realmente. Enfim, quando temos momentos em que apenas sentimos desilusão e rejeição por nós mesmas, como chegar a esse objectivo ideal? Não, não é a fingir, como vemos tantas vezes promovido por aí. É um trabalho sujo. É uma tarefa difícil, deveras. E, todavia, é, também, uma bússola sempre disponível, revelando se estamos ou não no caminho certo. E, por esta razão, além da receita com poderosos ingredientes e plantas mágicas, deixo-te algumas questões para reflexão no final do artigo!
Logo depois de te apresentarmos as plantas medicinais que são a base desta intenção de restaurar libido e promover equilíbrio hormonal, sendo fortes o suficiente para nos darem estrutura e apoio na nossa jornada de cura, passaremos à receita! Nota que esta é apenas uma pequena apresentação de cada planta medicinal, focado naquilo que pretendemos obter de cada uma neste momento. Em cada artigo podes descobrir diferentes utilidades para uma mesma planta. Por exemplo, tens aqui a Ashwagandha a ser utilizada para energia, e aqui para te ajudar a dormir! Sim, a mesma com efeitos diferentes!
Plantas Medicinais no Apoio à Libido e ao Equilíbrio Hormonal
- Ashwagandha (Withania somnifera) – já bastante comum aqui em Portugal, encontrada em pó nem sabemos bem que parte da planta é, mas trata-se da raiz. Tem propriedades, entre outras, afrodisíacos e é excelente na capacidade de tonificar o sistema reprodutor e manter energia e atenção. Perfeita para gerir o stress, que está no fundo de muitos desequilíbrios hormonais, e promove o bom funcionamento da tiróide.
- Schisandra (Schisandra chinensis) – outro super adaptogénico, talvez ainda não tão conhecido por aqui, mas cada vez mais uma opção exótica integrada na longevidade e na beleza. É uma potente aliada para o fígado e é utilizada para uma mão cheia de desequilíbrios ou fraquezas. Aqui, vamos buscar a intenção de restaurar o nosso vigor sexual!
- Cacau (Theobroma cacao L.) – Ah! A minha planta preferida. Medicinal e espiritual, usada em cerimónias cujo foco é a abertura do coração e, de facto, é uma das suas principais características no mundo do herbalismo. Acredita-se que, além de estimulante, promove foco e bem estar. Há muito para falar sobre o cacao, no entanto, para este caso, buscamos, pela força da nossa intuição – e por estar inserido nesta mistura em específico – o trabalho energético a nível do coração e sensação de bem estar e bom humor, assim como a própria energia do prazer. Afinal, a quanto nos permitimos desfrutar prazerosamente da nossa vida?
- Rosa (Rosa spp.) – A nossa aliada no amor próprio. Vamos pedir-lhe que nos ajude a trazer clareza para os momentos de auto-crítica ou quando nos punimos severamente, guiando-nos para fora desse nó energético de auto-ataque; e que nos lembre de formas de cuidar e amar o nosso corpo, o nosso ser, incluindo feridas emocionais, sejam elas conscientes ou inconscientes.
Receita de Bolas de Amor
Ingredientes
- 1 c. sopa cheia de ashwagandha em pó
- 1 c. sopa de schisandra em pó
- 1 c. sopa cheia de cacau em pó
- 30 gr de amora branca desidratada
- 1 a 2 colheres de sopa de pétalas de rosa em pó
- 70 gr de mel puro
- 4o gr de noz
- 30 gr de amêndoas
- Triturar as nozes e amêndoas.
- Juntar a ashwagandha, a schisandra, o cacau, as amoras e o mel e voltar a triturar.
- Formar bolas e passar pelo pó de pétalas de rosas.
- Guardar no frigorifico ou congelador
- Come quando quiseres, ou quando te apetecer um momento de auto-cuidado. São ideais comidas com intenção e atenção. Podes fazer um ritual de escrita com estas questões de reflexão abaixo, ou adaptar o teu ritual de meditação (exemplo aqui). Explora as perguntas que te fizerem mais sentido, e não tens de fazer todas de uma vez; segue o que o teu coração sente ser necessário para ti. Até podes levar uma semana inteira reflectindo em apenas uma delas.
Propostas para Reflexão
- Que tipo de pensamentos predominam acerca de mim e do meu valor enquanto pessoa?
- De onde vêm? Pensa em momentos do passado, coisas que ouviste de familiares e amigos, pressões externas, crenças de outras mulheres que passaram para ti, etc..
- Como é a relação com o meu corpo – se maioritariamente negativa, onde posso encontrar pontos positivos, não só em termos físicos/estéticos, mas, também, o que me sabe bem neste corpo?
- O que quero sentir e ser e quão distante estou disso – como posso começar a ser e sentir-me mais dessa maneira?
- O que é o amor incondicional para ti? Como o podes reflectir no teu dia a dia contigo mesma?
- Qual é a tua relação com o PRAZER – onde tens prazer no teu dia a dia, tanto físico como emocional. Por exemplo, comer algo que te dá prazer é uma sensação carnal, que também pode estar sobreposta com a dimensão emocional. Sentes culpa ou alívio ou excesso ou escape ou alegria…? Ver o nascer ou o pôr do sol pode trazer-te a sensação de prazer emocional. Explora todas as tuas fontes de deleite e reflecte como as trazes para a tua vida diária. Consegues dedicar-te a esses momentos de forma plena, merecedora e sem culpa? Estás a negar-te esses momentos por achares que não és digna?
- Explora as tuas crenças com a sexualidade e a sensualidade. Uma não depende da outra, mas podem estar relacionadas. Consegues distingui-las, ver as suas diferenças? Sentes ser vergonhoso expressar uma ou outra – ou ambas – em ti e na tua vida?
DESAFIO – Compromete-te a uma pequena acção de amor próprio e/ou prazer por dia, ou de dois em dois dias. Exemplos: comer uma bola de amor com prazer, intenção, sem presa e sem culpa; uma caminhada perto do mar; um abraço demorado, a alguém que estimes ou a ti mesma; uma dança; um banho quente…
Fala-nos da tua relação contigo mesma(o), onde há amor ou onde falta? Como está a tua jornada aqui? Qe práticas trazes para o teu dia?